O SACI E O SAPO
Guilherme Del Campo
Colaboração de Mylton Ottoni
ottoni@ottonieditora.com.br
Dizem que o
Saci-Pererê anda sumido. Que após tantos desmatamentos e
agressões à natureza, o Saci cansou de lutar para
preservar a vida. Que não assusta mais ninguém, não se
diverte com antigas peraltices, não corre atrás das
cavalgaduras e que enfadonho, tomou chá de sumiço ou
aposentou-se.
Pura ilusão.
O nosso bom Saci está mais ativo do que nunca. Dedica-se
a perseguir políticos corruptos e autoridades mal
intencionadas. Combate ferozmente os desvios de verbas,
vampiros e sanguessugas entre outras falcatruas que
ocorrem em Terra Brasilis.
Num
emaranhado de artimanhas, vem provocando a queda de
personalidades, tidas como incorruptíveis, patrióticas
ou bem intencionadas aos inocentes olhos do povo.
Como doce
quente que se come pelas beiradas, o Saci vai
desmontando a perniciosa e ineficaz máquina política,
que se estabeleceu nesta terra abençoada por Deus.
Em breve
deve pegar o Sapo-Barbudo, até porque saci não é de
engolir sapos. O Sapo-Barbudo é o chefe e com ele a
impunidade corre solta. O saci já disse, quem corre
solta é mula-sem-cabeça e que logo vai capturar o
malfadado anuro peçonhento.
Ontem, o
Saci-Pererê localizou o esconderijo do Sapo-Barburo.
Fica numa toca, sob as águas do lago Paranoá. Depois do
tradicional toc...toc..., o Sapo-Barbudo botou a cabeça
pra fora e perguntou com voz melodiosa:
- Ei, onde
vai ser a pelada do fim de semana? – Vai ter churrasco?O
Saci agachou-se para melhor ver a cara enrugada do
saparrão. Tirou o pito da boca, deu uma cusparada de
lado e proferiu:
-
Explicações chefe. Terra Brasilis anseia por
justificativas honestas.
- Eu não sei
de nada! - Não ouvi e nem vi nada! - São todos uns
aloprados!- A pelada vai ser no céu, uma festa e tanto.
Vou deixar aqui a viola do compadre urubu. É só entrar
dentro que em poucos minutos você estará nas nuvens. –
disse o Saci.
Logo que o
Saci-Pererê foi embora, o Sapo-Barbudo ajeitou-se dentro
da viola, feliz da vida.
O final da
história?
Vocês já
sabem. |