Na mesma
época, que o Barão do Pirapora deu um curso em São
Manoel, ele visitou em Botucatu, o Barão conheceu
uma Associação de criadores de saci, uma Ong,
especializada pela manutenção da mitologia do saci,
um trabalho bonito de resgate folclórico, que chamou
a atenção do Barão, que chegou até a escrever um
memorando a associação, explicando de modo
científico o que era um saci.
“Sacis
são uma visão do colonizador português, que
interpretava após ver algumas espécies de macacos
brasileiros, como o cuxiu, que possui um tufo na
cabeça, facilmente identificado pelos colonizadores
como os gorros dos grumetes. O cuxiu gosta de ficar
pendurado pelo rabo, de modo que esconde suas patas
traseiras, dando a impressão ter apenas uma perna
só, o macaco é todo preto, e gosta de comer brotos
das árvores, principalmente dos bambuzais, dando a
impressão de estar fumando.
Com a
expansão territorial e a conseqüente miscigenação, o
saci passa a ter características especiais, como
gênios das literaturas árabes, que eram conhecidos
por alguns marujos”.
Mas o
Barão teria uma idéia diferente, após encontrar um
saci, pois, justamente no dia de São Bartolomeu,
após uma chuva, o Barão estava indo para Botucatu e
resolveu tomar um atalho por Boituva, e fugir do
pedágio da Rodovia Castelo Branco. Em Boituva, ele
pegou um atalho de terra, só que a lama foi tão
grande que acabou atolando o carro. Ele saiu
indignado, e avistou um cavalo morto. O Barão
lembrou que carro atolado e cavalo morto é mal
agouro, é coisa de saci, assim como, quando o leite
azeda, o bolo murcha, a massa desanda, quando some
alguma coisa que estava perto e depois reaparece, é
obra de saci.
Pois
o saci estava perto de um cupinzeiro, e chamou o
Barão. O Barão procurou a explicação científica,
afinal o saci que lá estava, não era como se
descrevia, poderia ser um morador que armou aquela
armadilha. Mas de fato, não tinha mesmo uma perna,
usava uma camiseta, um shorts sujo, e nada de gorro.
O Saci falou para o Barão que não adianta tanto
ceticismo, e que resolveu não aprontar com ele, pois
ele já tinha alguém para se preocupar. O saci
alertou o Barão pelo perigo que rondava, era o
tangorolango, que estava em sua espreita. Mas o
Barão nunca mais havia visto o tangorolango, e disse
ao saci:
– Mas
eu já vi de tudo nessa vida, mas nada desse tal de
tangorolango !
O saci
alertou o Barão pelo brilho de sua vida, e que ele
precisava derrotar o tangorolango:
– O
Tangorolango é muito esperto, mas tem uma
sensibilidade de pele, não costuma aparecer de dia
por causa do sol, e tem noites que o sereno pode
adoecê-lo. Mas tome cuidado com noites quentes, em
que a umidade é muito baixa.